6 de maio de 2013

Visita Noturna



VISITA NOTURNA

Ainda que finde o mundo
Tome, amigo, o pão
Unte-o e asse-o
Porque virei com fome.

À noite, virei
Com a tortuosa, maior
Fome do mundo

De exprimir o inexpressável.

Amigo, porque te quero
Eu tenho fome; toma
O pão ungido e assado
Põe na mesa; porque,

Hoje, ainda que o mundo finde
Perguntarei a ti, de frente
Depois de um dia cansado,
Em meio-caos noturno,

Amigo, por que
Nós somos dois, e não
Uma idéia feliz, apenas,
Pairando no espaço?

Por que
Ainda que as manhãs sejam nossas
O meu sol e o seu são
Duas fráguas distintas?

Amigo, toma o pão
Lambuza-o de manteiga
Fosforiza-o no fogo
Porque
Hoje
Eu quero ter seus olhos
Sua boca, sua
Garganta

 E com ela comer o pão,
Untar minha vida à sua
E tornar-me, assim, um pouco menos
Sozinho.






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