VISITA NOTURNA
Ainda que finde o
mundo
Tome, amigo, o pão
Unte-o e asse-o
Porque virei com
fome.
À noite, virei
Com a tortuosa,
maior
Fome do mundo
De exprimir o
inexpressável.
Amigo, porque te
quero
Eu tenho fome; toma
O pão ungido e
assado
Põe na mesa; porque,
Hoje, ainda que o
mundo finde
Perguntarei a ti,
de frente
Depois de um dia
cansado,
Em meio-caos noturno,
Amigo, por que
Nós somos dois, e
não
Uma idéia feliz,
apenas,
Pairando no espaço?
Por que
Ainda que as manhãs
sejam nossas
O meu sol e o seu
são
Duas fráguas
distintas?
Amigo, toma o pão
Lambuza-o de
manteiga
Fosforiza-o no fogo
Porque
Hoje
Eu quero ter seus olhos
Sua boca, sua
Garganta
E com ela comer o pão,
Untar minha vida à
sua
E tornar-me, assim,
um pouco menos
Sozinho.
Lindo como sempre! Não pare de escrever!
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