27 de outubro de 2011

Menina Brasil


Menina Brasil


Quem foi que submergiu teus cabelos na grama
Como água e óleo? Sobre o orvalho
Que salgado umedeceu teus lábios, quanto,

Quem derramou? E quem ousou rouba-lhe
O frescor do suspiro e do sono
Em um beijo santo, tomar-lhe a inocência?

Quanto tempo foi necessário para abrir-te os olhos,
Na câmera lenta que é tua vida, filha de Vênus,
Como o sol que flutua e renasce a cada alvorada?

Foram segundos,
Para que o braseiro se espaçasse pelas maçãs
Esparsas do teu rosto?

E para que, aflita, se escondesse atrás da moita?
Refúgio tardio dos açoitados, vertigem de enrubescimento
O espiar que denuncia divertimento...

O que foi preciso? Qual a condição?
O medo irracional de coisa inexistente?
Ter perante a si o amante mais querido?

Ter, adormecida, um beijo recebido?

Não, não devo sucumbir ao clichê patético.
Tampouco o plágio seria de alguma serventia.
Não hei de fingir, ao menos, ao fim dessa mentira.

Àquele que na grama seus cachos afogou
Como água e sangue, devasso fruto!
Fica apenas um choro calado. E o “Por que”?

E a ti, imóvel, enigmática
Cedo meus lábios e ao teu lado deito
E espero...

Espero que seus olhos se entreabram por entre os cílios
Enquanto o sol se entreabre por entre o dia,
E que de cor de brasa espacem tuas bochechas...

...E que detrás da moita, em brasa, sorria.

Lucas de F.R.Altmicks

Um comentário:

  1. that's me with proper education... love ya... you are family!!!!

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