PENSAR EM PÁSSAROS
Por que você me apontou
Com os dedos magros, o corpo
Que planava alto, alto, alto
Durante o movimento único
Em que o sol sai do ventre
Do horizonte?
Por tua culpa, tudo tornou-se chão
Em minha vida.
Tão chão, que me foi impossível
Explicar como voava
O corpo.
Tudo tornou-se terra.
Mas foi terra tanta, benzinho
Que me foi impossível considerar
O simples ato
Da respiração.
E todas as palavras me soaram fúteis,
E as pessoas eram só pessoas.
Por que me apontaste
Com tua vida múltipla,
O pássaro que planava
Tranqüilo e belo?
Por tua culpa, não sinto o sentido
Mais de nada.
As dúvidas não pedem mais por respostas,
Minha existência despoja-se de identidade;
E quando eles falam, gesticulam
E se apegam tão completamente ao que fazem...
E enquanto eles vivem em seus sonhos coletivos
De direitos, deveres e vontades,
Eu penso em pássaros,
Em pássaros,
Em pássaros...
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